terça-feira, 21 de outubro de 2008

Desequilíbrio midiático na disputa eleitoral de São Paulo

Com certeza os meios de comunicação correm atrás dos fatos mais relevantes para publicarem. Com certeza fatos relevantes não ocorrem de maneira igual para todos candidatos. Com certeza os meios de comunicação apresentarão mais fatos relevantes de um candidato do que de outros. Até aí, tudo bem. Mas... como são escolhidos os fatos relevantes? Existe uma diferença tão grande entre fatos relevantes de um e outro candidato? O artigo abaixo publicado pela Carta Maior traz dados sobre a disputa eleitoral em São Paulo e as respectivas coberturas dos jornais paulistanos.

A mídia e o primeiro turno das eleições em São Paulo

Com o início do horário eleitoral no rádio e na televisão, na campanha do primeiro turno, noticiário dos principais jornais paulistanos privilegiou a polarização entre as candidaturas do DEM e PSDB e esvaziou o noticiário da candidata petista Marta Suplicy.

O Observatório Brasileiro de Mídia publicou segunda-feira (20) o balanço da cobertura das eleições para prefeito de São Paulo feita pelos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Agora São Paulo e Diário de S. Paulo. De acordo com a instituição, a cobertura das eleições paulistanas feita pelos jornais observados durante o primeiro turno pode ser dividida em dois períodos.

Na primeira metade da campanha, entre os dias 06/07 e 18/08 a cobertura das principais candidaturas teve equilíbrio tanto no que diz respeito à quantidade de reportagens publicadas para cada um dos candidatos, quanto a qualificação dos textos em relação à disputa eleitoral.

Depois do início do horário eleitoral, houve aumento significativo na quantidade de reportagens sobre Gilberto Kassab e diminuição do percentual de reportagens sobre Marta Suplicy. Geraldo Alckmin teve percentual intermediário de reportagens em relação aos dois candidatos.

A observação constatou que com o início do horário eleitoral gratuito, os jornais passaram a dar mais destaque às candidaturas do DEM e do PSDB com viés favorável a Gilberto Kassab e desfavorável a Geraldo Alckmin. A cobertura apresentou as campanhas de Kassab e Alckmin de maneira contrárias. Enquanto o atual prefeito foi apresentado como o candidato que tinha mais e melhor estrutura, apoio de lideranças do PSDB, maior tempo de TV e melhor programa; a candidatura do tucano foi noticiada em ambiente contínuo de crise, falta de recursos e falta de apoio interno no partido.

A candidatura da ex-prefeita Marta Suplicy foi noticiada em menor volume do que a dos seus dois principais oponentes. A candidata do PT, embora tivesse o apoio do presidente Lula e melhor posição nas pesquisas de intenção de voto, teve essas situações secundarizadas no noticiário que privilegiou a polarização entre as candidaturas do DEM e PSDB e esvaziou o noticiário da petista. Enquanto o candidato do DEM teve 65 reportagens que noticiaram o apoio de lideranças tucanas, a petista teve 21 reportagens sobre o apoio do presidente, de ministros e lideranças políticas importantes como a deputada Luíza Erundina. 

A publicação das pesquisas de intenção de voto privilegiaram destacar o crescimento de Kassab e queda de Alckmin. 

O noticiário sobre a candidata do PT teve grau de criticidade diferente do dispensado aos seus dois principais adversários que não tiveram nenhuma de suas propostas analisadas em tom crítico enquanto duas das principais propostas da candidata: a ampliação do metrô e a universalização da banda larga de acesso à internet, foram discutidas sob o viés da viabilidade. 

No decorrer das seis últimas semanas, quando ficou caracterizado o desequilíbrio em favor da candidatura de Gilberto Kassab em detrimento da candidatura de Geraldo Alckmin, o jornal O Estado de S. Paulo foi o jornal que mais corroborou com o desequilíbrio, seguido pelo Jornal da Tarde.

Em ambos os veículos Kassab teve altos percentuais de reportagens favoráveis e Geraldo Alckmin de desfavoráveis.

A Folha de São Paulo super expôs de maneira favorável a candidatura Kassab. Em relação as reportagens desfavoráveis, alternou entre as candidaturas de Marta Suplicy e de Geraldo Alckmin, comportamento editorial seguido pelo Agora.

O Diário de S. Paulo teve maior oscilação do que os demais veículos em relação as candidaturas com maior percentual de reportagens favoráveis, que oscilou entre Kassab e Marta Suplicy. Já em relação às reportagens desfavoráveis, o jornal, a exemplo de O Estado de S. Paulo e Jornal da Tardenoticiou a candidatura tucana com altos percentuais de reportagens desfavoráveis nas últimas semanas da campanha do primeiro turno.

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